Enfermeiros lembram que já foram ultrapassadas todas as medidas exigidas pela troika.
“A primeira reação é que o Sindicato dos Enfermeiros Portugueses vê com grande preocupação que sejam, uma vez mais, feitos cortes na Saúde, onde já foram ultrapassadas todas as medidas previstas pela troika”, afirma a vice-coordenadora nacional, Guadalupe Simões.
“As consequências serão para a saúde dos portugueses, mas também para os indicadores que colocavam o Serviço Nacional de Saúde (SNS) entre os mais eficientes”.
Na opinião da enfermeira, não é compreensível “uma nova redução nas verbas da Saúde, quando todos temos a perfeita noção de que é cada vez mais difícil aceder ao SNS”. E dá um exemplo: “A atualização das taxas moderadoras nos hospitais face à inflação é, na verdade, um imposto criado para financiar o SNS.”
No Orçamento do Estado para o próximo ano, está ainda prevista uma alteração no modelo de organização e remuneração das Unidades de Saúde Familiar, embora sem indicação concreta do que vai mudar. No entanto, Guadalupe Simões está convencida de que as alterações não vão ser para melhor.
“Todos os relatórios demonstram que há maior eficiência e que isso se deve à criação de incentivos remuneratórios, que tememos que agora venham a ser reduzidos para os profissionais e para as próprias unidades.” Na prática, “será mais um contrato feito com os profissionais de saúde que é rasgado, colocando em causa uma reforma que está paralisada desde que este Governo tomou posse.”
Sobre os cortes nos protocolos com os setores privado e social, a dirigente sindical é taxativa: “É perverso, pois este ministro tem feito protocolos com privados, e que aumentaram a despesa do SNS”. Desde logo, “o acordo, feito à revelia do Tribunal de Contas, com o Hospital da Cruz Vermelha”.
Fonte: Expresso, 15 de Outubro de 2013