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Médicos criticam falta de estudos sobre novas urgências e desafiam ministro para debate

Os médicos criticaram esta sexta-feira a ausência de estudos que comprovem a falta de profissionais, a vantagem de concentrar especialidades e a poupança, na base da criação da urgência metropolitana noturna de Lisboa, desafiando o ministro para um debate público.

Para a Ordem dos Médicos (OM), “todo o processo foi conduzido secretamente, com o único fito de esconder as suas fragilidades e os problemas potencialmente graves que vão recair sobre as vítimas urgentes e emergentes da Grande Lisboa”.

Por isso, desafia o ministro da Saúde a promover um debate público, considerando que a questão é “demasiado importante para ser sigilosamente decidida por quem não sabe o que é uma urgência hospitalar”.

Numa reação a declarações feitas pelo presidente da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARSLVT) à comunicação social, o bastonário da Ordem dos Médicos, José Manuel Silva, considerou que foram “declarações públicas muito pouco acertadas”.

Ao Diário de Notícias, o presidente da ARSLVT, Luís Cunha Ribeiro, explicou que a concentração de várias especialidades numa só urgência — rotativa entre Santa Maria e São José — visa “garantir às populações uma resposta melhor do que a que existia”.

O responsável referia-se a “especialidades em que não existem recursos humanos suficientes — com poucos médicos com menos de 50 anos — com uma casuística baixa” e exemplifica com o caso da oftalmologia, que afirma receber diariamente, entre as 00:00 e as 08:00, onze atendimentos em toda a região de Lisboa.

Luís Cunha Ribeiro refere ainda que a cirurgia vascular conta com três médicos com menos de 50 anos em Santa Maria, nenhum no Amadora-Sintra e a ausência dessa especialidade à noite, no Garcia de Orta e São Francisco Xavier.

A Ordem dos Médicos contrapõe que a ARSLVT nunca apresentou estatísticas das urgências, nem estatísticas que comprovem a falta de profissionais, para sustentar as afirmações que justificam a reorganização das urgências noturnas.

Quanto às declarações que Cunha Ribeiro fez ao Correio da Manhã, segundo as quais esta medida “é um ato de gestão de dinheiros públicos”, o bastonário sublinha o reconhecimento de que esta é uma medida de gestão de dinheiro, mas critica mais uma vez a falta de estudos que indiquem “se o grau de poupança” compensa “as disfuncionalidades do sistema, as confusões de referenciação, os custos dos transportes entre instituições e o prejuízo dos tempos de atendimento às vítimas, que são inevitáveis”.

Comentando a comparação que é feita pela ARSLVT com a Urgência Metropolitana do Porto, onde o Hospital de São João concentra, há quatro anos, as urgências noturnas, José Manuel Silva afirma que essa urgência “tem problemas” e lembra que a população abrangida não é comparável em termos quantitativos.

“A Urgência Metropolitana do Porto serve metade da população que será abrangida pela Urgência Metropolitana de Lisboa”, pelo que deveria haver duas urgências, e “tem problemas que nunca houve interesse em auditar”.

Como exemplo, refere o facto de a urgência de otorrinolaringologia (ORL) e a urgência de Gastroenterologia estarem em hospitais separados, respetivamente São João e Santo António, “o que coloca problemas nos casos de corpos estranhos no esófago”.

O bastonário assinala ainda que aquela urgência não concentra as especialidades de neurologia e cirurgia vascular, ao contrário do que vai ser feito em Lisboa, sem ser feito “qualquer estudo e contra o parecer dos colégios da especialidade”.

Fonte: Jornal de Notícias, 23 de Agosto de 2013

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