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Presidente do hospital de São João podia prescindir de mil funcionários

O presidente do hospital de São João, no Porto, considera que o estabelecimento poderia prescindir de mais de mil profissionais com a mudança de alguma regras, como os restantes trabalhadores passarem a trabalhar em regime de exclusividade e com contratos de 40 horas semanais.

António Ferreira, que falava no programa “Olhos nos Olhos” na TVI24, adiantou que o hospital de São João conta com 5600 trabalhadores e defendeu que com outra liberdade de abordagem poderia reduzir este número em pelo menos mil pessoas. “Se tivéssemos pessoas em dedicação exclusiva, todos com horários de 40 horas semanais, totalmente motivadas e dedicadas ao hospital, creio que seguramente poderíamos fazer mais do que o que fazemos com menos 20% das pessoas”, explicou.

Contudo, o médico insistiu que tal só seria possível se pudesse passar a recompensar os ganhos de produtividade dando “incentivos de acordo com qualidade e da quantidade produzida”. “Temos um problema de produtividade do Serviço Nacional de Saúde. É preciso um sistema que garanta produtividade com qualidade. Há várias mudanças que proponho: uma é a ideia de exclusividade, a outra é de avaliação do que se faz e a implementação de políticas de reconhecimento ou incentivo. Podemos discriminar as pessoas pelo trabalho e qualidade do que fazem”, reiterou António Ferreira.

O responsável afirmou que “há muito dinheiro que é gasto com gente que não é produtiva, em fornecimentos externos, na realização de exames externos” – verbas que poderia compensar com a dedicação exclusiva.

No final de Dezembro António Ferreira, também à TVI, já tinha feito declarações que geraram polémica a propósito da produtividade dos cirurgiões da sua unidade. O responsável avançou com a média de uma cirurgia por semana por cada cirurgião, para ilustrar a tese que desde há muito defende: a de que é possível reduzir ineficiências no Serviço Nacional de Saúde, aproveitando melhor os recursos humanos. Por isso, destacou o facto de a taxa de absentismo na unidade ser de “11%” e adiantou que pelo menos 30 dos cirurgiões da unidade não fizeram uma única cirurgia este ano.

Para demonstrar que o problema não será exclusivo desta unidade hospitalar, foi mais longe, fazendo uma conta simples. Pegou no número de cirurgiões especialistas (3854), no total de cirurgias convencionais, excluindo as feitas em ambulatório (mais de 196 mil em 2010) e dividiu tudo por 46 semanas. Conclusão: em todo o país, em média, cada cirurgião fará uma cirurgia por semana.

Contas que foram desde logo mal recebidas pelo bastonário da Ordem dos Médicos, pelo presidente da Sociedade Portuguesa de Cirurgia, pelo presidente do Colégio da Especialidade de Cirurgia Geral da Ordem dos Médicos, pela Federação Nacional dos Médicos e pelo Sindicato Independente dos Médicos, que asseguraram que os números não podem ser vistos desta forma nem totalmente atribuídos aos cirurgiões, já que para a realização de uma cirurgia têm também de estar disponíveis outros profissionais, como anestesistas e enfermeiros, assim como tem de haver vagas para recobro e internamento.

Fonte: Público, 8 de Janeiro de 2013

1 Comment

  1. miguel sousa neves

    Há declarações que não consigo perceber, isto é, acredito que o colega A Ferreira disse poderia ser uma verdade mas há coisas que nunca se devem dizer em público sob pena de se ir desmoralizando ainda mais os seus colaboradores que são, por enquanto(!), os que vão fazendo funcionar o hospital!
    Haja bom senso

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