No espaço de dois anos, foram cerca de 200 os medicamentos que deixaram de ser comparticipados pelo Estado. Na maioria dos casos eram fármacos que na prática não estavam no mercado e para os quais há alternativas.
Segundo os dados da Autoridade Nacional do Medicamento (Infarmed), citados pelo Diário de Notícias, em dois anos 601 embalagens perderam a comparticipação por não estarem à venda do mercado nacional há mais de 90 dias, o que corresponde a cerca de 200 medicamentos. Na grande maioria dos casos (90%) eram medicamentos genéricos.
Entre as razões para estes medicamentos na prática nunca poderem ser encontrados nas prateleiras das farmácias poderão estar as sucessivas baixas de preços dos fármacos e o tempo de espera necessário para o medicamento chegar ao mercado e ver a sua comparticipação aprovada – o que gera desinteresse nos laboratórios da indústria farmacêutica. “Os medicamentos para os quais foi caducada a comparticipação têm alternativa disponível no mercado”, garantiu o Infarmed ao mesmo jornal.
Também o presidente da Associação Portuguesa de Medicamentos Genéricos, Paulo Lilaia, adiantou que pode haver alguma “inflação” nos números, já que “as empresas registam várias vezes a mesma substância para que se o pedido de Autorização de Introdução no Mercado for rejeitado tenham alternativa”, criticando ainda as sucessivas mudanças na política do medicamento, que fragilizam as apostas das empresas.
Um alerta que tem também vindo a ser feito pela Associação Portuguesa da Indústria Farmacêutica (Apifarma), que tem insistido que as baixas administrativas do preço dos medicamentos estão a deteriorar todo o circuito e a tornar Portugal um país desinteressante para os laboratórios.
Fonte: Público, 7 de Dezembro de 2012