O director do serviço de cirurgia cardiotorácica do Hospital de Santa Marta manifesta-se “perplexo”. José Fragata não entende como é possível o Ministério da Saúde renovar o acordo alegando que não existe em Lisboa “capacidade instalada”.
s utentes do Serviço Nacional de Saúde (SNS) voltam a ser encaminhados para a Cruz Vermelha. O Ministério da Saúde avança com uma verba de 7,6 milhões de euros para um novo acordo a vigorar este ano e no próximo.
A tutela alega que a região de Lisboa e Vale do Tejo não tem capacidade suficiente em áreas como a cirurgia pediátrica, a oftalmologia ou a ortopedia.
A resolução do Conselho de Ministros, publicada esta quinta-feira em “Diário da República”, autoriza a Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo a fazer a despesa e considera que este acordo é de manifesta relevância para o interesse público. No despacho hoje publicado lê-se que a ARSLVT “procedeu à avaliação das necessidades para as quais o SNS não possui ainda suficiente capacidade instalada que permita conferir resposta às crescentes necessidades dos utentes” da região “em tempo adequado”.
Um acordo tinha sido travado pelo ministro da Saúde, no início do ano, e criticado pelo Tribunal de Contas que duvidou da necessidade do estado recorrer ao sector privado.
Especialista contraria argumentos do ministério
O director do serviço de cirurgia cardiotorácica do Hospital de Santa Marta manifesta-se “perplexo”. José Fragata não entende como é possível o Ministério da Saúde renovar o acordo alegando que não existe em Lisboa “capacidade instalada”.
O especialista diz que os dois hospitais públicos são mais que suficientes na área da cirurgia cardiotorácica pediátrica e afirma que só outras motivações, que não técnicas, podem explicar esta decisão.
O médico diz que o que se passa no resto do mundo é a concentração de serviços: é esse o caminho que devia ser trilhado em vez de se financiar mais uma unidade de saúde que não faz falta na capital.
Em comunicado enviado à Renascença, o signatário deste acordo a Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo argumenta que em Setembro havia mais de 600 doentes à espera de cirurgia cardiotorácica em média há oito meses e que há também listas de espera para consultas de especialidade nas áreas contratadas ao Hospital da Cruz Vermelha.
O texto refere ainda que no âmbito de uma renegociação foi possível conseguir preços bastante mais baixos (6%) que os actualmente pagos pelo Estado para recuperação de listas de espera.
Fonte: Rádio Renascença, 15 de Novembro de 2012