Os hospitais privados recusam fazer as cirurgias que custam mais do que o Estado paga através do programa de combate às listas de espera e avisam que o tempo de espera vai aumentar. O secretário de Estado Adjunto da Saúde garante que “ninguém deixará de ser operado se precisar”.
Em entrevista à agência Lusa, o presidente da Associação Portuguesa dos Hospitaias Privados (APHP), Teófilo Leite, disse que “algumas cirurgias deixam de ter qualquer viabilidade para serem prestadas no privado”, nomeadamente após a nova tabela de preços das cirurgias adicionais, publicada no passado dia 4.
De acordo com esta portaria, algumas cirurgias baixam até 20%, sendo a média da redução de 10%. “As reduções efetuadas deixam de ser exequíveis. Isto significa que vai ocorrer um problema de aumento de listas de espera”, disse Teófilo Leite.
O presidente da APHP não tem dúvidas de que existirão “determinadas cirurgias que não podem, mercê do seu custo (superior ao preço), ser feitas nos hospitais privados”.
“Esta convenção tem liberdade de contratualização, o que significa que cada um tem o direito de aceitar ou não a realização das cirurgias, principalmente no caso em que o preço é inferior ao custo”, adiantou.
Teófilo Leite estima que esta recusa vá aumentar as listas de espera para cirurgia. Em dezembro de 2011, aguardavam por uma cirurgia 16657 doentes, de acordo com dados apresentados pelo coordenador do Sistema Integrado de Gestão de Inscritos para Cirurgia (SIGIC) em março deste ano.
Em 2010, foram operados ao abrigo do SIGIC 457654 doentes nos hospitais públicos e 25274 nos hospitais convencionados (hospitais privados e no setor social).
O secretário de Estado Adjunto da Saúde garante que “ninguém deixará de ser operado se precisar”. Fernando Leal da Costa está convencido de que “o setor privado e o setor social saberão adaptar-se e responder ao que são as possibilidades do Estado português em termos de pagamento”.
O Governo está a fazer “um conjunto de regras que criam condições para que a capacidade de resposta nos hospitais públicos seja maior e ainda mais aproveitada”, acrescentou.
Fonte: Jornal de Notícias, 23 de Setembro de 2012