O Sindicato de Médicos do Norte acusou, esta sexta-feira, o ministro da Saúde, Paulo Macedo, de cometer “tráfico de influências” a propósito da nomeação de novos diretores nos Centros de Saúde da Administração Regional de Saúde do Norte.
Em comunicado, o Sindicato de Médicos do Norte (SMN) diz que “nunca” a “promiscuidade” e “apropriação dum serviço público pelo clientelismo partidário”, foi tão longe.
O sindicato está a referir-se às três primeiras nomeações de novos diretores dos Agrupamentos de Centros de Saúde (ACES) da Administração Regional de Saúde (ARS) do Norte, publicadas em Diário da República no passado dia 08 de agosto.
“O despudor, a irresponsabilidade e os inequívocos sinais de tráfico de influências que agridem e minam o Estado de Direito bateram no fundo”, acrescentam o sindicato, acusando os dirigentes de estarem a transformar “os serviços públicos pelos quais são transitoriamente responsáveis em agências dos seus próprios interesses e do seu grupo de influência”.
“São indignos dos cargos que ocupam e da confiança que neles foi depositada para gerirem um património precioso que é de todos os cidadãos”, lamenta o SMN, classificando de “escandalosa” e “leviana” as propostas do presidente da ARS do Norte, que dizem vir “quase exclusivamente de estruturas partidárias, de gente estranha ao setor, sem experiência, currículo e perfil para o cargo”.
O Sindicato avisou que a “qualidade da “vida em sociedade e da própria democracia” está a ser posta “em causa”, recordando que o Serviço Nacional de Saúde ainda há “poucos anos foi classificado como um dos melhores do mundo”, atingindo níveis de desempenho extraordinários.
Em declarações à Lusa, fonte da ARS do Norte disse que “não têm mais nada a acrescentar” ao que já foi dito no passado.
Há alguns dias, o presidente da ARS já havia dito que respeitava a “opinião institucional do Sindicato dos Médicos do Norte”, mas que era certo que a “adequação da gestão dos Agrupamentos de Centros de Saúde à prestação dos cuidados de Saúde” era garantida pelos “Conselhos Clínicos de cada um, presididos obrigatoriamente por um médico e com vogais representantes das demais categorias de profissionais de saúde”.
Sobre as críticas feitas ao facto de não serem médicos, a ARS recorda que de um total de “21 diretores dos Agrupamentos dos Centros de Saúde da ARS Norte, há “seis” que não são médicos ou não estavam área da saúde.
A Ordem dos Médicos do Norte já tinha manifestado dia 1 de agosto “preocupação” com as recentes nomeações dos diretores executivos dos agrupamentos de Centros de Saúde, alertando serem pessoas com “total ausência de experiência” na área.
Fonte: Jornal de Notícias, 10 de Agosto de 2012