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Médicos irredutíveis

Os sindicatos dos médicos faltaram ontem à reunião pedida pelo ministro da Saúde, Paulo Macedo, para voltar a abrir as negociações sobre as suas condições de trabalho e discutir uma eventual desconvoca- ção da greve marcada para quarta e quinta-feira.

O Sindicato Independente dos Médicos (SIM) e a Federação Nacio-nal dos Médicos (FNAM) argumentaram que o documento, com um conjunto de contrapro-postas que o Ministério da Saúde enviou no sábado, às 21h00, para os sindicatos, não foi de encontro às “reais necessidades de diálogo”. Consideraram também inaceitável o facto de Paulo Macedo fazer depender da desconvocação da greve, a negociação da nova tabela sa-larial e a conclusão da legislação que define o acto médico.

Mais, para os sindicatos, o ministro acrescentou “factores de conflitualidade ao ameaçar com a requisição civil dos médicos” para fazer face à greve.

Assim, o SIM e a FNAM, mantêm a greve e propõem uma reunião com Paulo Macedo para sexta-feira, dia 13.

O ministério da Saúde nega que tenha havido uma ameaça aos médicos e alega que “os dois sindicatos estão a fazer uma interpretação abusiva das palavras do ministro”. E ao que o CM apurou, junto de fonte do ministério, a requisição civil está fora de questão.

Ontem, domingo, Paulo Macedo chegou ao ministério às 15h00, hora marcada para reunir com os sindicatos, acompanhado pelo secretário de Estado da Administração Pública, Hélder Rosalino. Esperou quase três horas pelos representantes sindicais e reagiu: “Estamos disponíveis para o diálogo agora e depois da greve. Se dialogar depois da greve, entretanto, os portugueses tiveram prejuízos devido às consultas que ficaram por realizar e cirurgias que foram adiadas”.

3157 MÉDICOS CONTRATADOS EM PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS

O relatório da Inspecção Geral das Actividades em Saúde (IGAS) revela que existe “um número elevado de médicos contratados em prestação de serviços”, cerca de 3157 tarefeiros, sem vínculos com as entidades contratantes, mas com outros organismos. Em alguns casos, há hospitais e centros de saúde com uma grande dependência destes contratos. Segundo a inspecção é preciso alterar esta situação por ser muito mais dispendiosa para o Estado. Foram detectados também 1155 médicos que acumulam funções dentro da Administração Pública. Diz o relatório que alguns destes casos foram impropriamente consideradas acumulações privadas, o que permitia aos médicos receberem dois salários, ilegalmente.

OESTE PROTESTA CONTRA REFORMAS DAS URGÊNCIAS

O possível encerramento das Urgências do Hospital de Peniche levou três mil pessoas a manifestarem-se sábado à noite, ao mesmo tempo que outras mil marcharam em Torres Vedras e Caldas da Rainha contra a perda de valências dos hospitais.

António Curado, porta-voz da Plataforma Oestina das Comissões de Utentes de Saúde, diz que a Administração Regional de Saúde remeteu ao ministério a proposta definitiva da reforma hospitalar do Oeste “sem que tenham sido ouvidas as comissões de utentes ou as autarquias”. O ministério da Saúde tenciona passar o serviço de Urgência do Hospital de Torres Vedras a Urgência básica e encerrar a Urgência em Peniche, ficando Caldas da Rainha com a Urgência médico-cirúrgica.

Fonte: Correio da Manhã, 9 de Julho de 2012

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