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Bastonário da Ordem dos Médicos preocupado com a concentração de serviços no SNS

O bastonário da Ordem dos Médicos, José Manuel Silva, mostrou-se esta segunda-feira preocupado com a concentração de serviços do Serviço Nacional de Saúde (SNS), numa visita à unidade do Hospital de Santo André, do Centro Hospitalar Leiria-Pombal, avança a agência Lusa.
O responsável considerou “grave” o afastamento dos cuidados de saúde à população, salientando que não existe poupança efectiva. “Preocupa-nos este concentracionismo no SNS e este objectivo de reduzir serviços. Por exemplo, temos uma média de 3,3 camas por mil habitantes, quando a média da OCDE [Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico] é de 4,8 e da Alemanha é 8”, revelou.
O bastonário acrescentou que “afastar mais ainda os doentes dos serviços de urgência não parece que venha servir o interesse das populações ou trazer poupanças significativas ao SNS”.
José Manuel Silva deixou ainda o alerta de que “não há mais por onde reduzir”, “nem é possível continuar a afastar os recursos dos cidadãos, até porque, em muitas circunstâncias, esse afastamento causa mais despesa ao próprio SNS”.
O bastonário exemplifica com os 220 doentes portadores de HIV que eram assistidos em Torres Novas e foram deslocados para Santarém. “É sector público, o Estado paga o mesmo preço, mas vai acrescentar mais 100 mil quilómetros de deslocações aos doentes e a transportes, que também são parcialmente pagos pelo Estado”, diz.
Ou seja, “há medidas paradoxais que prejudicam a acessibilidade dos doentes aos cuidados de saúde e que não levam a uma redução da despesa”, pelo que o bastonário alerta para mais “bom senso e ponderação”.
Além disso, José Manuel Silva defendeu uma “análise dos custos directos e indirectos antes das medidas serem tomadas, para que a qualidade seja preservada, a acessibilidade dos doentes seja mantida e a despesa possa ser reduzida naquilo que é desperdício, e não nos cuidados básicos que os cidadãos efectivamente precisam”.
O bastonário revelou ainda que a Ordem dos Médicos (OM) não foi ouvida pelo Ministério da Saúde (MS) na elaboração da proposta da carta hospitalar e nas medidas previstas.
“É lamentável. Temos disponibilizado os recursos e os conhecimentos técnicos da OM. Não quer dizer que siga a nossa opinião, mas a OM, que tem todos os colégios da especialidade na sua estrutura, pode emitir pareceres técnicos devidamente fundamentados e essa capacidade tem sido desprezada pelo MS e, se calhar, é por isso que se têm cometido alguns erros.”

Fonte: rcm pharma, 26 de Junho de 2012

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