São cerca de 27 mil os médicos (incluindo os internos) e mais de 41 mil os enfermeiros nas unidades públicas de Norte a Sul do país. São poucos? São muitos? O inventário do pessoal da saúde hoje divulgado pela Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS) não adianta respostas para estas questões. É um retrato em bruto dos recursos humanos do sector (são cerca de 132 mil funcionários, no total), mas permite já detectar a existência de muitas assimetrias na distribuição dos especialistas médicos.
Além dos médicos e enfermeiros, o inventário indica que o SNS tinha, em 31 de Dezembro de 2011, 8214 técnicos de diagnóstico e terapêutico e 2075 técnicos superiores de saúde. Os restantes milhares de funcionários do sector incluem dirigentes, auxiliares e pessoal administrativo.
Quanto às assimetrias, apesar de contarem sensivelmente com o mesmo número de enfermeiros, Lisboa e Vale do Tejo chega a ter, em várias especialidades médicos, quase o dobro dos recursos humanos disponíveis no Norte, quando as duas regiões dão resposta a uma fatia idêntica da população nacional – cerca de 3,5 milhões de habitantes cada. Isto acontece em especialidades como a cirurgia cardio-toracica, a cirurgia plástica e reconstrutiva, a dermatovenereologia, a gastrenterologia, a oftalmologia, a pneumologia, entre outras. Pelo contrário, o Norte tem mais especialistas de medicina geral e familiar, saúde pública, ginecologia e pediatria, ainda que a diferença não seja tão grande.
Percebe-se também que o Alentejo e o Algarve estão desguarnecidos em várias especialidades médicas. Só alguns exemplos: o Alentejo tem um neurocirugião, 2 dermatologistas, 12 cardiologistas e 14 oftalmologistas. E perspectiva-se um futuro ainda mais negro. Nesta região, onde o envelhecimento da classe médica é muito acentuado, 111 dos 721 clínicos têm mais de 60 anos.
Fonte: Público, 20 de Junho de 2012