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Saúde dos portugueses em risco face a obsessão financeira do ministro

Saúde dos portugueses em risco face a obsessão financeira do ministroO Bastonário da Ordem dos Médicos acusa o ministro Paulo Macedo de estar a colocar em risco a saúde dos portugueses. José Manuel Silva, em entrevista ao Jornal de Notícias, acusa o Governo, e em particular o ministro da Saúde, de afastarem os doentes dos cuidados médicos por força dos cortes que estão a efetuar, que não permitem que o sistema se adapte, originando uma redução da atividade clínica e um afastamento dos recursos dos doentes que não estão a ser tratados como deviam.

É uma entrevista arrasadora do Bastonário da Ordem dos Médicos ao trabalho do ministro Paulo Macedo à frente do Ministério da Saúde quase um ano depois da tomada de posse do Governo de Pedro Passos Coelho.

Para José Manuel Silva, os cortes que estão a ser efetuados na saúde, por força das obrigações de Portugal perante a troika, a que se junta uma obsessão financeira do ministro da Saúde, estão a pôr em risco a saúde dos portugueses.

“Os cortes impostos, para além do preconizado pela troika, não dão tempo para que o sistema se adapte, estão a colidir com a acessibilidade dos doentes a cuidados médicos e com a capacidade de resposta das instituições. Há claramente uma redução da atividade clínica e um afastamento dos recursos dos doentes, que não estão a ser tratados como deviam”, refere o bastonário da Ordem dos Médicos.

Para justificar a sua ideia, José Manuel Silva dá o exemplo dos 240 doentes de VIH que estavam a ser seguidos em Torres Novas e que, por força da “ideia peregrina de que concentrar recursos traz poupança” foram transferidos para Santarém o que obriga os doentes, que todos juntos significam milhares de consultas, a fazer mais 90 quilómetros por consulta o que significa que o Estado vai acabar por pagar mais porque muitos dos doentes têm direito a subsídio de transporte.

Para o Bastonário esta atitude é “quase um crime de saúde pública” porque “provavelmente” alguns doentes “vão faltar às consultas e, se não forem bem tratados, podem contrair sida e contaminar outras pessoas”.

“Nós precisamos é de mudar de modelo de governação. Se continuarmos a governar mal, como continua a acontecer, nada é sustentável. Não há dinheiro para a saúde, não há dinheiro para a educação, não há dinheiro para a investigação, então afinal para onde vão os nossos impostos? Se nada é sustentável só posso concluir que esta classe governante não é sustentável e não sabe sustentar o país”, refere o bastonário.

A recente decisão do ministério da Saúde de efetuar um concurso para a contratação de clínicos à hora pelo preço mais baixo é igualmente alvo das críticas do bastonário e uma decisão que vai levar os médicos portugueses a emigrar o que considera de “criminoso”.

“É outra forma de pôr em risco a saúde dos portugueses de forma deliberada e por iniciativa do ministro da Saúde. Este concurso é absolutamente incompreensível, elimina toda a estrutura de carreiras médicas que é o esqueleto hierárquico científico do serviço Nacional de Saúde e o seu garante de qualidade. Por outro lado vão obrigar os médicos portugueses a emigrar. Estamos a formar médicos de qualidade e depois estamos a exportá-los quando fazem cá falta. Isto é criminoso”, refere José Manuel Silva.

Para o bastonário o grande problema deste ministro é a sua obsessão financeira e “se lhe disserem que se cortar ali poupa cinco milhões de euros ele diz corta sem se importar com as consequências”.

Fonte: RTP, 5 de Junho de 2012

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