Durante o debate de actualidade sobre a situação dos hospitais portugueses, a oposição desfiou um rol de situações que considerou “graves” nestas unidades de saúde, provocadas por constrangimentos financeiros.
O debate foi iniciado com uma intervenção da deputada Paula Santos (PCP) que denunciou um conjunto de situações que disse serem “dramáticas” nos hospitais que passam por faltas a vários níveis devido aos constrangimentos financeiros. Falta de material clínico e de roupa para as camas, dificuldades acrescidas no acesso aos medicamentos e racionalização na alimentação dos profissionais que trabalham nos hospitais foram alguns dos exemplos que a deputada apontou e que ilustra a”grave situação dos hospitais portugueses”.
Em defesa das políticas do Governo, o deputado Miguel Santos (PSD) assegurou que o que está a ser feito é necessário e visa precisamente conter a despesa e evitar que se gaste como até então. Para o deputado social-democrata, este Governo está precisamente a tentar travar a despesa, lembrando a este propósito uma recente orientação que obriga os hospitais a uma autorização do ministro da Saúde para investimentos iguais ou superiores a cem mil euros.
Também Teresa Caeiro (CDS-PP) desvalorizou as críticas do PCP, alegando que os comunistas trazem sempre o mesmo discurso, “independentemente do Governo”, o que causou aceso protesto da bancada comunista. A deputada do CDS-PP criticou ainda a intervenção do deputado socialista António Serrano, responsabilizando o partido deste de “conduzir à situação que se vive actualmente no sector”. Na sua intervenção, António Serrano disse que as medidas em curso não vão conduzir à resolução da “gravíssima” situação dos hospitais portugueses e do sector da saúde em geral.
O secretário de Estado e Adjunto da Saúde responderam com uma garantia, direccionada à bancada do PS: “Vamos pagar aquilo que nos deixaram para pagar”. Segundo Fernando Leal da Costa, “já em Abril de 2011 vinha nos jornais que os hospitais deviam 2000 milhões de euros”, disse. O governante dirigiu-se à bancada socialista para que esta transmitisse ao seu líder que “o Governo não faz da saúde uma brincadeira”.
Carlos Zorrinho (PS) tomou a palavra para “defender a honra da bancada” e afirmar que o PS não brinca com coisas sérias. “Não aceitamos lições de moral. Brincadeira é a forma algo brejeira e mesmo diletante com que [o secretário de Estado e Adjunto da Saúde] abordou o tema nesta Assembleia”, disse Carlos Zorrinho. “Essa forma, esse estilo, associado a oito meses de inacção na resposta ao problema da saúde dos portugueses não reforça a confiança que os portugueses têm de ter”, adiantou. Fernando Leal da Costa assegurou que o Governo ia estar muito atento ao que diz, mas “sobretudo ao que faz”.
O deputado do Bloco de Esquerda João Semedo levou ao debate a questão do pico de gripe e da mortalidade excessiva que tem provocado, acusando o Executivo de não ter criado quaisquer condições para minimizar o impacto desta actividade gripal. Leal da Costa garantiu que o SNS tem respondido à procura que resulta do facto de esta ser uma “fase máxima” de um pico de actividade gripal. Ainda assim, o secretário de Estado disse que a actividade gripal está a baixar e que a mortalidade acrescida é multifactorial.
Fonte: Público, 09 de Março de 2012