O aumento do tempo de espera para exames nos hospitais públicos é um “prejuízo”, disse esta quarta-feira o porta-voz do Movimento dos Utentes do Serviço Nacional de Saúde (SNS), adiantando estar a preparar um protesto nacional.
Embora admita que o aumento da média de dias de espera para fazer análises e exames nos serviços públicos era “expectável”, Manuel Vilas Boas, em declarações à Lusa, considerou o atraso como “um prejuízo incrível” para os portugueses.
O Ministério da Saúde (MS) admitiu na terça-feira, em resposta a uma pergunta do Bloco de Esquerda que, numa amostra de 61 hospitais, o tempo médio de espera para a realização de meios complementares de diagnóstico e terapêutica era de 96,4 dias em 18 de Agosto, tendo aumentado 9,3 dias em um mês.
Actualmente, e segundo o Diário de Notícias, um utente espera 105,7 dias em média para fazer exames ou análises num hospital público, o que poderia ser encurtado caso as unidades ainda pudessem recorrer ao apoio das unidades privadas que têm acordo com o Serviço Nacional de Saúde (SNS).
O Ministério decidiu, em despacho datado de 18 de Agosto, que os hospitais do SNS estavam proibidos de pedir exames aos convencionados e aos centros de saúde, salvo excepções, como forma de “assegurar uma utilidade mais racional e eficiente dos recursos disponíveis”.
Para o porta-voz do Movimento dos Utentes do SNS, esta medida “coloca os utentes contra instituições de saúde essenciais”, juntamente com questões como o fim das horas extraordinárias dos médicos ou a suspensão do transporte de doentes por bombeiros.
“Os utentes estão a ficar desesperados”, sublinhou Manuel Vilas Boas. “Temos feito um esforço de contenção da muita indignação para evitar algumas explosões mais acentuadas que poderiam trazer problemas. Mas neste momento não temos hipótese se não apelar a que os utentes se levantem contra esta situação”, referiu, acrescentando que “o senhor ministro está nitidamente a brincar com os utentes do SNS”.
O responsável do Movimento adiantou já estarem a ser auscultadas as várias comissões de utentes, apontando uma resposta final sobre o tipo de protesto para breve.
Os utentes “já têm protestado pontualmente em vários locais [mas] teremos de pensar numa manifestação mais conjugada e talvez a nível nacional”, concluiu.
Fonte: Público, 28 de Dezembro de 2011