O Bastonário da Ordem dos Médicos defende que há alternativas ao aumento das taxas moderadoras e quer que governantes da última década sejam julgados por crime económico.
Perante uma plateia de 500 médicos recém-formados, este domingo no Porto, José Manuel Silva optou por um tom crítico às políticas de saúde em Portugal, defendendo que o aumento das taxas moderadoras não é o caminho a seguir.
«Não é admissível aumentar os impostos sempre aos mesmos. Para isso não precisamos do ministro das Finanças, basta um contabilista. É necessário que a economia paralela pague impostos. Só isso seria suficiente para equilibra o Orçamento do Estado», defendeu.
«Se o ministro da Finanças não sabe como fazê-lo, que dê lugar a quem saiba, porque não é difícil taxar a economia paralela», completou.
No discurso, o bastonário da Ordem dos Médicos recuou ao tempo de Salazar para falar de um futuro incerto para os recém-formados.
José Manuel Silva lembrou as «críticas que eram feitas ao anterior regime, que não dava condições de vida aos seus cidadãos» e que os obrigava a sair do país, para alertar que em 2012 os jovens médicos podem ser confrontados com uma nova realidade, «um excesso de candidatos para o número de vagas de especialidade».
O bastonário considerou ainda que os cortes na saúde podem pôr em causa «a dignidade e a centralidade da profissão médica, que é tratar bem o doente».
No discurso, José Manuel Silva defendeu ainda um julgamento aos «governantes da última década, para condenar os corruptos e ilibar os justos, mas sobretudo para transmitir uma mensagem de responsabilização».
Para o bastonário, «não é tolerável que alguém conduza o pais à bancarrota e não seja, no mínimo, julgado por crime económico».
José Manuel Silva incentivou ainda a classe médica a lutar pelos seus direitos e a ajudar a salvar Portugal.
Fonte: TSF, 19 de Dezembro de 2011