O ministro da Saúde falou de médicos com fraca produtividade cirúrgica, mas antigo bastonário Pedro Nunes diz que as contas não podem ser feitas dessa forma.
O antigo bastonário da Ordem dos Médicos, Pedro Nunes, questiona o conceito de produtividade do ministro da Saúde, Paulo Macedo.
Num comentário às palavras do ministro, que falou em cirurgiões com uma produtividade muito abaixo da média, o actual administrador do Hospital de Faro considera que Paulo Macedo fez um exercício matemático que não reflecte a realidade.
A polémica surgiu depois do presidente do conselho de administração do Hospital de São João, no Porto, ter revelado que a unidade tem 30 especialistas que nunca entraram no bloco operatório no espaço de um ano.
O ministro da Saúde dá a entender que a falta de produtividade cirúrgica afecta também outros hospitais, mas Pedro Nunes diz que as contas não podem ser feitas dessa forma.
“Dividir o número de cirurgias pelo número de cirurgiões, é uma aritmética de 4ª classe. Pode ser interessante para se avaliar, globalmente, mas pode não ser muito significativo”, argumenta.
“Um cirurgião pode operar muito e não ser o melhor elemento daquele serviço, porque, pelo facto dele operar muito e de ocupar todos os tempos operatórios no serviço, não permitir que outros, mais jovens, se desenvolvam e sejam depois capazes de operar com a mesma qualidade”, acrescenta.
O antigo bastonário reconhece que há “há pessoas que trabalham pouco e menos do que aquilo que devem”, mas “o importante é que cada serviço tenha um director que conhece muito bem os elementos do serviço e que consegue pôr o serviço a funcionar harmonicamente”.
Fonte: Rádio Renascença, 19 de Dezembro de 2012